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Arte na Idade Moderna: tempo de experimentações


Na terceira aula do módulo Fundamentos da Arteterapia e História da Arte II, a turma visitou com a professora Gloria Camacho o período da Arte Moderna, caraterizado por diferentes experimentações, ousadia conceitual e estranhamentos, que foi a transição entre os séculos XIX e XX.

Os círculos ligados à Arte nem haviam assimilado totalmente o conceito e as imagens do Impressionismo e eis que todos mergulham nas formas e nas cores da Art Nouveau e do Pós-Impressionismo. É uma época marcada pelas inovações industriais, novos registros na comunicação humana, busca pela maior compreensão do indivíduo como um ser múltiplo e complexo.

Diferentes possibilidades de percepção das imagens, dos sons e até da vida cotidiana emergem através do cinema, da fotografia colorida, do gramofone, da lâmpada elétrica, do cinema, da psicanálise. Essa sociedade que se industrializa e coletiviza anseia por novas sensações. A Arte sai das igrejas, dos castelos e dos museus para ganhar as ruas.

Em cada movimento artístico que surge, dogmas acadêmicos são rompidos. Matisse, Derain, Braque, Picasso, entre outros, revolucionam o panorama cultural com o Fauvismo e o Cubismo. Ao mesmo tempo, o Construtivismo russo mostra uma arte que se utilizados avanços técnicos da Revolução Industrial para romper com os padrões tradicionais de apresentação, cenografia, ocupação dos espaços.As mudanças dessa virada de século são perceptíveis em todas as manifestações humanas, incluindo a política e a economia.

E, então, o mundo se convulsiona. Tratados ou desacordos entre nações erguem ou removem fronteiras, enquanto seus habitantes ganham e/ou perdem a própria cidadania. Em meio a essas provocações, irrompe o movimento expressionista, cujos representantes – Kandinsky, Paul Klee, Matisse, Munch, entre outros – buscam retratar as emoções subjetivas provocadas pelos fatos e experiências cotidianas.

Obviamente, toda essa tensão nas relações de poder se reflete na Arte.Mas, aquilo que, a princípio, era somente conceitual, termina atingindo fisicamente os próprios artistas, a partir de 1914, quando a Europa mergulha na Primeira Guerra Mundial.

Esse conflito, considerado um dos mais sangrentos da era moderna, foi também inovador nas maneiras de matar: nele, são testadas armas químicas, gerando a morte silenciosa, e a metralhadora, eficaz no extermínio rápido e massivo. Em sequência à destruição em larga escala, vêm as enfermidades, as mutilações, a dor das incontáveis perdas, o desespero coletivo.

Os artistas que vivenciaram e/ou sobreviveram a tanto horror precisavam jogar para fora a intensidade insuportável do caos. Nas palavras de Max Ernst: “Ernst morreu em 1º de agosto de 1914 e ressuscitou em 11 de novembro de 1918” – datas da sua ida para a guerra e do final do conflito. Ernst foi um dos fundadores do grupo Dada de Colônia (Alemanha), ded

icado a traduzir em Arte o estranhamento da experiência perceptiva.

Na ruptura com o figurativo do Abstracionismo, bem como nas incursões ao inconsciente do Surrealismo,a Arte embarca numa indispensável “viagem para dentro”, na qual o artista observa e traduz as formas com a essência de sua sensibilidade, e abandona de vez a preocupação estética das escolas tradicionais.

A experimentação do olhar na prática arteterapêutica

Após a exposição teórica, Gloria Camacho realizou três oficinas arteterapêuticas com a turma. As propostas foram centradas na observação dos elementos externos como via de acesso para a expressão das emoções internas, latentes ou inconscientes.

A primeira oficina usou como referencial figuras de rostos humanos retiradas de revistas, que deveriam inspirar as alunas a pensar numa pessoa e no significado da mesma em suas vidas. Os traços da figura foram copiados com auxílio de papel fino e usados para representar, sob a ótica do Expressionismo (a emoção interior), o rosto da pessoa na qual pensaram.

A segunda oficina foi inspirada na “Sala de Audição”, de Magritte. Cada aluna recebeu uma cópia da obra e a proposta de identificar a sua emoção diante da imagem central – uma gigantesca maçã. Em seguida, a maçã foi retirada do papel, por meio de recorte orgânico, ecada aluna preencheu o espaço vazio com a sua própria emoção. Por fim, no verso da maçã, expressou a sua maneira(possível) de lidar com essa emoção.

A terceira oficina usou a obra (ready-made) “L.H.O.O.Q.”, do pintor dadaísta Marcel Duchamp. Cada aluna deveria observar o olhar da Mona Lisa (de bigodes e cavanhaque) e imaginar o que ela estaria olhando ou pensando a seu respeito, além de identificar os seus sentimentos ao ser observada. Em seguida, as alunas se expressaram artisticamente, sob a ótica surrealista, com uma colagem ou desenho, o que a Mona Lisa havia visto ou falado a seu respeito.


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