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Vídeoterapia, e o uso de filmes como recurso no processo terapêutico


A linguagem audiovisual é baseada no som e nas imagens em movimento, o que proporciona, à maioria dos indivíduos, uma rica experiência sensorial e interativa. Independentemente da forma como são apresentados - cinema, vídeo, TV, internet -, os filmes têm uma capacidade extraordinária de “falar” ao ser humano, pois, afinal de contas, é desse mesmo ser humano - com suas emoções, construções, sentimentos, potência criadora ou destrutiva - que os filmes “falam”.

Ao observar a si mesmo e às suas produções, expostos por meio de imagens, sons, cores, discurso, conteúdo e proposições, o indivíduo se reconhece, se questiona, se reavalia. E também imagina, sonha, modifica atitudes e comportamentos. O filme se torna, portanto, uma espécie de espelho da alma, capaz de promover mudanças e ressignificações pessoais, e, muitas vezes, grandes transformações coletivas.

Conexão - Ao conectar o ser humano, de forma tão real e abrangente, a linguagem audiovisual permite, em diferentes estágios, uma vivencia imagética peculiar, que vai do reconhecimento consciente do tema, passando pela identificação e apreciação (ou não) dos símbolos ali representados para, finalmente, atingir um plano abstrato, onde a imaginação reina soberana.

O filme incentiva e desperta experiências sensoriais, que autorizadas pelas emoções, permitem o transpor dos limites e barreiras criadas entre a mente consciente e o inconsciente. Num processo continuo que vai do plano individual para o coletivo, como tantas vezes ocorre nas salas de projeção.

Recurso - O uso de filmes no processo terapêutico vem se consolidando como um recurso precioso para a abordagem de questões específicas. Esse recurso favorece o exercício da observação e da imaginação; amplia a consciência e a criatividade; proporciona um mergulho em vivências pessoais e na própria subjetividade; conduz a reflexões e insights preciosos; possibilita o resgate de afetos e memórias, bem como a solução de pendências, conflitos, ressentimentos.

No ambiente terapêutico, o filme é escolhido com critério, pois está diretamente relacionado ao tratamento do indivíduo ou grupo específico. A apresentação é mediada pelo profissional assistente e complementada por alguma atividade - uma oficina, um debate, uma teatralização, etc. - condizente com a proposta terapêutica.

Vídeo - O vídeo, como meio de comunicação, teve origem no começo da década de 1960 e simplificou a forma de produção dos filmes, bem como os seus custos. Com a evolução tecnológica, chegamos ao século XXI com incontáveis ferramentas de som e imagem em nossos celulares, capazes de “produzir” rapidamente pequenos vídeos sobre questões específicas.

Em Arteterapia, o vídeo é um meio precioso de proporcionar ao criante um contato sem artifícios com a sua autoimagem. O registro em vídeo das próprias falas, gestual e discurso oferece ao indivíduo a possibilidade única de realmente se (re)ver, (re)conhecer, (re)olhar e, em algum momento, (re)significar suas histórias e experiências, num processo que se consolida com a transformação do próprio Eu.

Outra rica possibilidade é a produção de vídeos durante as atividades arteterapêuticas, individuais ou coletivas, visando à posterior observação, pelos criantes, do seu fazer artístico.

Atividade com vídeo e autoescuta

O curso de formação específica do Atelier Eveline Carrano aborda o uso de filmes no ambiente arteterapêutico num módulo intitulado “Psicopatologia e Psicanálise - Linguagem: vídeo na Arteterapia”. No decorrer das aulas, enquanto estudam os fundamentos da Psiquiatria e da Psicanálise a partir das teorias de Freud e Jung, entre outros, os formandos também realizam atividades práticas utilizando a linguagem audiovisual.

No dia 10 de novembro, a turma foi organizada em duplas e cada aluna disponibilizou o próprio celular para ser filmada pela colega. A proposta, denominada “Emoção em Cena”, consistia em falar sobre si e sua forma de ser, durante 30 segundos.

Alunas se observam no vídeo e conversam sobre suas constatações

No segundo momento, cada aluna foi convidada a assistir o vídeo de si mesma, sem som, para observar a mensagem que comunica por meio de sua postura física comunica. Em seguida, o som foi colocado, para que ouvissem suas vozes e o discurso.

Alunas falam e ouvem as próprias mensagens utilizando um pedaço de conduíte

Na última parte da vivencia, utilizando um pedaço de conduíte, as alunas falaram e se ouviram, simultaneamente.

O retorno da atividade mostrou a riqueza dos dois recursos - o vídeo possibilitou a descoberta ou constatação de diversos “sinais” pessoais sobre as próprias dúvidas, certezas, receios, etc. E a segunda parte do experimento se tornou uma espécie de “conversa comigo mesma” - como disse uma aluna -, em que o som e a entonação da própria voz conduziram proporcionaram às alunas um contato direto com as suas emoções.

Profª Eveline Carrano recebe o retorno da turma sobre a vivência em aula

Sonia de d' Azevedo e Equipe

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